terça-feira, 18 de outubro de 2011

A beleza secreta do abandono

Fiz uma série de fotografias para o trabalho final da disciplina Tópicos Especiais em Fotografia I, do professor Eduardo Vieira da Cunha. Resolvi postar as fotos ( talvez não todas, porque, se não me engano, são onze fotografias), e também o que eu escrevi sobre o projeto. Espero que gostem.

A BELEZA SECRETA DO ABANDONO

Há algo de invisível e imaginário quando pisamos em alguma rua histórica, assim como há alg de instigante quando cruzamos pelas casas abandonadas. Quase sempre presenciamos sua casca, isso é, a ruína que continua em pé e,com pouco esforço, pode desmoronar a qualquer momento.

A fotografia, antigamente, era considerada magia, pois acreditavam que, com ela, conseguisse aprisionar a alma das pessoas. Parte disso não deixa de ser verdade, no sentido de conseguir guardar (congelar) a imagem e paralisando o momento, porem não há magia.

A fotografia em si já causa certa melancolia, são fragmentos do passado que ficam guardadas como lembranças. Lembranças que ficam guardadas também no abandono, causando curiosidade pela falta de informações. Curiosidade extrema que, conseqüentemente, pode nos levar a pesquisas e descobertas.

O trabalho é composto de onze fotos, onde estão presentes casas abandonados, algumas delas quase tombadas e outras que se mantêm firme, talvez virando moradia para sem-tetos. As fotografias foram realizadas num clima nublado, realçando a melancolia e a atmosfera silenciosa. Há casas onde, ao se aproximar, pode ser ouvidos ruídos, sussurros, ou o simples ranger de plantas nos seus interiores. Plantas essas que dão vida e que pode vir a transformar esses cadáveres do tempo em uma nova criatura.

As vegetações são também importantes, acoplando no estrago do tempo. São também energias que renovam o ambiente e seres vivos que estão em busca de espaço. Fato curioso, caminhando pelas ruas, em busca de ruínas para fotografar, chama-me atenção uma planta saindo da janela, a primeira vista penso que se trata de uma simples plantação em um vaso, mas aproximando para observar melhor, percebe-se que não há nada além do mato no interior da casa e de uma simples janela já destruída pelo abandono.

Não nego a fantasia que toma conta de mim, quando observo esses seres vegetais fazendo parte das ruínas e criando formas, desenhos, volumes e manchas nas paredes junto com o mofo – arte da natureza. Vejo essa atuação como energias de renovação.

Ativamos os sonhos, inventamos histórias, sentimos certa tristeza e respeito quando deparamos com essas casas abandonadas. Assim como a própria fotografia, que congela a imagem e causa melancolia, estar em simples contato visual diante dessas casas causa a mesma sensação. Há uma relação sutil entre vida e morte e devemos aprender a observar os detalhes para conseguirmos ficar conectados nessa atmosfera de mistério.


domingo, 16 de outubro de 2011

Exposição - Ilustração: Arte de Narrar


Para quem ainda não viu, está acontecendo na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, no Instituto de Artes da UFRGS a exposição de ilustração, vai até dia 11 de novembro!

A Pinacoteca fica aberta das 10h às 18h.

Exposição: Ilustração: Arte de Narrar
Visitação: de 22 de setembro a 11 de novembro de 2011, de segunda a sexta, das 10 às 18h
Local: Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do IA/UFRGS ( Rua Senho dos Passos, 248, 1o - primeiro - andar)
Ingresso: Entrada Franca
Curadoria: Patricia Bohrer, Laura Castilhos, Rodrigo Nuñez e Maíra Coelho.

"A principal atividade é a exposição "Ilustração: Arte de Narrar", sob a curadoria de Laura Castilhos, Rodrigo Núñez e Patrícia Bohrer. Tem como tema a ilustração ligada à narrativa e reúne artistas oriundos do Rio Grande do Sul ou que aqui fixaram sua produção. Vai acontecer na Pinacoteca Barão do Santo Ângelo do Instituto de Artes da UFRGS de 21 de setembro a 11 de novembro. A exposição envolverá cerca de 40 artistas ilustradores, incluindo o grupo NIQ (Núcleo de Ilustração e Quadrinhos do Instituto de Artes) e um núcleo histórico do acervo do Instituto de Artes. Alguns dos artistas cujas obras foram selecionadas para a exposição são: Ana Terra, André Neves, Cristina Biazetto, Celso Sisto, Edgar Vasques, Eduardo Oliveira, Eduardo Vieira da Cunha, Fábio Zimbres, Guazzelli, Hermes Bernardi Jr, Jaca, Laura Castilhos, Luís Fernando Veríssimo, Mara Caruso, Marília Pirillo, Moa, Nara Amélia Melo, Paula Mastroberti, Pedro Alice, Pilar Prado, Rodrigo Núñez, Vit Nuñez, Tatiana Sperhacke e Teresa Poester."

Vale lembrar que essa é a minha segunda exposição coletiva que participo!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Bienal do Mercosul - Cidade Não Vista

Mostra "Cidade Não Vista" é uma das atrações da 8ª Bienal do Mercosul

Exposição segue em cartaz até 15 de novembro em Porto Alegre

Obra de Oswaldo Chá está na chaminé da Usina<br /><b>Crédito: </b> Lívia Stumpf / Indicefoto.com / Divulgação / CP
Obra de Oswaldo Chá está na chaminé da Usina
Crédito: Lívia Stumpf / Indicefoto.com / Divulgação / CP

A 8 Bienal do Mercosul, que está em cartaz em Porto Alegre até 15 de novembro, é dividida em núcleos. Um dos mais interessantes é a mostra "Cidade Não Vista", que busca atrair os olhares do público para espaços que cotidianamente nem sempre são reparados, mas são ícones da cidade e que estão, muitas vezes, inacessíveis. Em um processo de arqueologia urbana, foram escolhidos nove locais do Centro da Capital, que, recebendo a intervenção de um artista, ganham, desta forma, a possibilidade de uma nova experiência sensorial.

Entre eles está a Prefeitura de Porto Alegre. No Paço Municipal (Praça Montevidéu, 10), o prédio recebeu a obra do japonês Tatzu Nishi. O artista criou um quarto incorporando elementos da própria fachada. Para vê-lo, é preciso subir uma escada montada em frente à prefeitura.

Na chaminé da Usina do Gasômetro, está a obra de Oswaldo Maciá. Ao entrar na chaminé, se pode ouvir "uma sinfonia de bigornas" que tocam o "martinete", um ritmo cigano espanhol, através de quatro caixas de som.

Junto ao Aeromóvel (em frente à Usina do Gasômetro) está a criação de Pedro Palhares, que consiste em canos de PVC, instalados em dez pilares presos verticalmente e em dois pontos horizontais, que reproduzem o som da rua. Na Livraria Garagem dos Livros (rua General Salustiano, 214, em frente ao Aeromóvel) está a criação de Elida Tessler, que cruza o acervo de livros do local com um texto inédito de Donald Schüller, intitulado "Ist Orbita". A obra consiste em uma enciclopédia, placas de identificação para estantes e uma intervenção sonora.

Também enfatizando os sons, a obra de Vítor César pode ser experienciada na Escadaria da rua João Manoel (em frente à Casa M, um espaço da Bienal, na rua Fernanda Machado, 513). Através de interfones instalados em uma ponta e outra da escadaria, permitem que as pessoas se comuniquem por meio dos equipamentos.

Na cúpula da Casa de Cultura Mario Quintana (Andradas, 736) está a obra "(Prelúdio) Shhhh", de Valeska Soares e "O Grivo", composta por 32 caixas de som, que reproduzem chiados.

Nos Jardins do Palácio Piratini, hinos nacionais dos países que integram o Mercosul são tocados em seis alto-falantes, na criação de Santiago Serra. E, no viaduto Otávio Rocha está a obra de Marlon de Azambuja, em que as estátuas localizadas na avenida Borges de Medeiros, na parte de baixo do viaduto, são revestidas de fitas vermelhas. Entrada franca.


Caderninho amigo